desaguamento e desidratação

Qual a diferença entre desaguamento e desidratação no tratamento de lodo?

No processo de tratamento de águas e efluentes acontecem diversos processos. Cada um deles é de extrema importância para que a água final esteja limpa, tanto para uso industrial e doméstico, quanto para consumo humano. Parte desse tratamento é voltado ao lodo gerado pelo efluente, e é aqui que entram as etapas de desaguamento e desidratação, geralmente confundidas como sendo as mesmas etapas. 

Embora esses termos possam parecer semelhantes à primeira vista, eles representam etapas distintas com propósitos específicos no tratamento de efluentes e lodos. Além disso, essa gestão do lodo é fundamental, pois ele pode carregar os contaminantes que foram retirados do efluente, poluindo o meio ambiente e trazendo doenças para a população.

Por esse motivo, o tratamento do lodo é um processo à parte das ETAs e ETEs, mas igualmente importante para a preservação dos recursos naturais e segurança da saúde pública. 

Neste artigo, vamos entender melhor a importância do tratamento do lodo e aprender a diferenciar os processos de desaguamento e desidratação. Continue a leitura e aproveite!

Qual a importância da gestão correta do lodo gerado na ETE?

A gestão correta do lodo gerado em uma estação de tratamento de efluente é de extrema importância para diversos aspectos, tanto ambientais quanto econômicos. 

Como explicamos brevemente acima, o lodo é o resíduo sólido resultante do tratamento de águas residuárias, e pode conter uma variedade de materiais orgânicos e inorgânicos, como  nutrientes, matéria orgânica, metais pesados e patógenos.

Nesse sentido, são muitos os benefícios da gestão adequada do lodo, como:

Impacto ambiental

O lodo contém uma quantidade significativa de matéria orgânica e nutrientes, como nitrogênio e fósforo. Se descartado inadequadamente, pode causar a poluição de solos e corpos d’água, contribuindo para o crescimento excessivo de algas, eutrofização e degradação do ecossistema aquático. A disposição incorreta também pode gerar odores desagradáveis e atrair vetores de doenças.

Saúde pública

O lodo pode abrigar patógenos e microrganismos nocivos à saúde humana. Uma gestão inadequada, como a disposição em lixões a céu aberto, pode representar riscos sérios à saúde dos trabalhadores e das comunidades próximas.

Recuperação de recursos

Apesar dos nutrientes presentes no lodo serem perigosos para a natureza ou para a população, materiais como carbono orgânico e fósforo podem ser recuperados e utilizados como fertilizantes agrícolas, combustíveis e outras alternativas de reuso dos recursos. 

Conformidade com regulamentações

A gestão do lodo está sujeita a regulamentações ambientais que visam garantir a sua disposição e tratamento adequados. O não cumprimento dessas normas pode levar a sanções legais e reputacionais para as instituições responsáveis, além de prejuízo financeiro.

Sustentabilidade

A gestão adequada do lodo faz parte de uma abordagem sustentável para o tratamento de efluentes. A recuperação de recursos e a redução do impacto ambiental são fundamentais para garantir a preservação do meio ambiente para as gerações futuras.

Redução de custos

Uma gestão correta do lodo pode levar à redução de custos associados ao seu tratamento e disposição. A recuperação de recursos pode gerar receitas adicionais e, ao mesmo tempo, evitar gastos desnecessários com a sua distribuição em aterros.

Melhoria da imagem institucional

Instituições que adotam uma gestão responsável do lodo demonstram comprometimento com a sustentabilidade e a proteção ambiental, o que pode melhorar a sua imagem perante a sociedade e os órgãos reguladores.

Qual a diferença entre desaguamento e desidratação no tratamento de lodo?

Já sabemos porque é importante realizar a gestão correta do lodo após o tratamento de efluentes e águas. Esse lodo gerado também precisa ser tratado, para evitar todos os malefícios que citamos acima, como poluição e doenças. 

Esse processo pode ser bastante caro, mas é essencial o realizar. O primeiro passo após o tratamento do efluente e a separação do lodo é acondicionar o resíduo em um local. Então, ele é levado a um tanque, onde mais processos específicos acontecem. 

Cada tipo de lodo possui características e composições distintas, o que influencia na forma como eles são tratados e gerenciados. Por isso, existem muitos processos diferentes para tratar cada tipo de lodo. 

No entanto, hoje falaremos sobre o desaguamento e desidratação, partes importantes da gestão. Veja abaixo a diferença de cada um:

Desaguamento

O desaguamento pode envolver o uso de métodos físicos, como a aplicação de forças centrífugas, filtragem, sedimentação ou pressão, a fim de separar a água do material sólido. 

No processo de tratamento de lodo, é muito comum a utilização de adensadores, que são tanques cujo o objetivo é movimentar o material para aumentar a concentração de sólidos e assim diminuir a concentração de água na composição. Esse processo é chamado desaguamento, pois o foco é retirar o máximo de água do lodo.

Para isso, são utilizados, via de regra, os polímeros floculantes, que possuem a mesma função de um coagulante: condensar as pequenas partículas dispersas no efluente e formar flocos com peso para sedimentação. Assim, facilita o processo de retirada da água.

Em adição, o tratamento do lodo também permite o reuso da água separada no processo.  Essa água poderá retornar para o início do tratamento e ser aplicada para diversos fins, tornando o procedimento mais eficiente e reduzindo as perdas existentes.

O desaguamento é amplamente empregado para facilitar o descarte, recuperação ou reciclagem do lodo, pois diminui seu peso e tamanho, diminuindo também os custos para a destinação correta.

Desidratação

Agora que o processo de desaguamento separou a água do lodo sólido, ainda podem restar umidade e água molecular. Isso deixa o lodo mais pesado, torna o seu transporte mais complexo e eleva os custos para destinação.

Portanto, o próximo passo é o processo de desidratação. As técnicas de desidratação incluem a aplicação de calor, pressão ou processos químicos para remover a água residual. Um exemplo de técnica aplicada e muito utilizada em estações é a utilização de pressão em mantas de  polipropileno de alta densidade ou tubos têxteis, os chamados geobags. 

Assim que o lodo é introduzido nas câmaras do filtro prensa, formadas por placas com membranas ou tecido filtrante, ele é distribuído uniformemente pela câmara. A pressão é aplicada gradualmente sobre o material, forçando a água a passar através dos filtros, enquanto os sólidos retêm a forma de tortas. 

Após isso, esse material que sobra é retirado do equipamento com uma porcentagem mais baixa de líquidos. Se o lodo ainda não estiver adequado para transporte, existem ainda outras formas de desidratação, como os filtros de esteira a vácuo, secagem térmica, liofilização, leitos de secagem e desidratação eletrostática, entre outros.

Como já explicamos acima, a escolha da tecnologia de desidratação depende das características do lodo, da capacidade da estação de tratamento e dos objetivos de recuperação de recursos. 

A desidratação eficaz do lodo não apenas facilita seu manuseio e disposição, mas também pode permitir a recuperação de materiais valiosos presentes no lodo, contribuindo para um tratamento mais sustentável de resíduos.

Desaguamento e desidratação são processos complementares

Se você chegou até aqui, já entendeu a importância da gestão adequada do lodo gerada em ETEs e qual a diferença entre desaguamento e desidratação. Muitas pessoas acreditam que são a mesma coisa, pois possuem quase o mesmo objetivo. 

Porém, desaguamento e desidratação são processos complementares, mas distintos, que desempenham papéis cruciais no tratamento de lodo de efluentes.

Enquanto o desaguamento concentra-se na remoção de água de suspensões e lodos, a desidratação é uma técnica mais abrangente que visa a retirada de água de diversos tipos de materiais. Ambos os processos contribuem para a gestão adequada de recursos hídricos e para a economia financeira ao transportar o lodo. 

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