Na fase de projeto, a concepção do tratamento deve representar a melhor configuração possível para uma ETE em função do efluente a ser tratado e dos objetivos do tratamento, isso significa que a escolha e ordenação das operações unitárias devem ser realizadas em função de alguns conceitos.
Listamos 5 erros graves cometidos na fase de concepção, que podem comprometer o seu projeto, e o que fazer para evitá-los. Fique de olho!
Principais erros na concepção de um projeto de tratamento de efluentes
1. Achar que “esgoto é tudo igual”
Apesar do esgoto doméstico ter característica previsíveis, ele ainda pode apresentar variações em decorrência de alguns fatores como os costumes dos habitantes da região, influência de água de chuva no caso de interligação com galerias, malha de restaurantes na bacia de contribuição, entre outros.
Já o efluente industrial possui características próprias, inerentes aos processos fabris, suas características químicas, físicas e biológicas variam de acordo com o ramo de atividade da indústria, operação, matérias-primas utilizadas etc.
Para que sejam avaliados os parâmetros e suas concentrações, é necessário que uma amostra seja coletada e enviada para caracterização em um laboratório credenciado. Infelizmente, por diversos fatores, esta etapa geralmente é negligenciada e os dados apresentados muitas vezes são suposições ou baseados em análises desatualizadas ou incompletas.
Não é possível realizar um dimensionamento satisfatório sem a correta caracterização da alimentação.
2. Não consultar a legislação LOCAL
O Brasil tem leis nos âmbitos federal, estadual e municipal que definem os critérios para o lançamento de efluentes em corpos receptores ou nas redes públicas coletoras e determinam que devem ser avaliadas as diferentes composições físicas, químicas e biológicas, as variações de volumes gerados, a condição de lançamento e o potencial de toxicidade.
É um erro dimensionar seu projeto considerando apenas os critérios da legislação federal, é preciso consultar se no seu estado e município existem leis que regem o tratamento de efluentes, nesse caso valerá sempre a norma mais protetiva ao meio ambiente.
3. Não definir previamente o ponto de lançamento
O efluente resultante do tratamento também precisa ser especificado de maneira objetiva, para que não ocorram problemas de super ou subdimensionamento. Para efluentes industriais, por exemplo, existem padrões de qualidade distintos para lançamento em corpos receptores ou em redes coletoras públicas. Um sistema superdimensionado significa que se pagou mais do que o necessário por ele, e um sistema subdimensionado não vai atender as necessidades do projeto.
4. Elaborar o estudo de autodepuração DEPOIS do projeto
Estudo de Autodepuração de Corpo Receptor é o estudo que define a capacidade que determinado corpo d’água, seja ele córrego, ribeirão, rio, lago, represa, etc, possui de depurar o residual de matéria orgânica e outros compostos presentes no efluente e entrega quais serão as características da água após receber e diluir o efluente tratado.
É um estudo necessário e obrigatório, sempre que houver o interesse de descartar qualquer líquido tratado em águas superficiais, e irá subsidiar, com dados técnicos, quais os valores máximos de cada composto no efluente tratado, ou seja, quanto menor a capacidade de autodepuração do corpo receptor, maior deverá ser a eficiência da Estação de Tratamento ou menor deverá ser a vazão de lançamento.
Esses dados precisam ser considerados nos cálculos de dimensionamento do projeto e, em caso de incompatibilidade com o estudo, pode ocasionar a não obtenção da licença de operação.
5. Não considerar o nível de qualificação operacional
Além de instalar a estrutura, será necessário dispor de profissional qualificado para operá-la. Neste quesito, os diferentes níveis de complexidade das operações unitárias disponíveis irão requerer diferentes níveis de qualificação operacional, o que certamente incorrerá em custos associados. O arranjo tecnológico instalado deve ser compatível com a capacidade operacional local.
Bônus: Subestimar a complexidade de um projeto de tratamento de efluentes
A falta ou a desvalorização de um projeto pode custar caro ao longo do tempo, a prática de não contratar a elaboração de projetos ou estudos complementares, fazendo improvisos ou muitas vezes utilizando um pseudoprojeto não é algo difícil de se presenciar.
Como se pode ver, um projeto de tratamento de efluentes requer conhecimentos técnicos específicos e qualificação profissional. Não se pode improvisar ou delegar a profissionais sem expertise, isso seria mais do que um erro e certamente incorreria em custos posteriores. Nesse sentido, a escolha de um parceiro confiável e de competência comprovada no mercado é fundamental. A contratação de especialistas tem a vantagem da certeza do destino legal e ambientalmente correto e do suporte técnico necessário, o que resulta certamente em um ótimo custo-benefício.
Esperamos que estas dicas te ajudem a evitar erros no seu projeto e evitar as dores de cabeça decorrentes!